"A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva."(Ap 21,6-b)
A "oração
de Jesus" é a veio até nós por um escritor russo
desconhecido, que escreveu o "Caminho do Peregrino". O herói
do livro, um homem pobre que perde tudo o que possui devido a uma sequência
de calamidades e parte para uma jornada, buscando aprender como "rezar
incessantemente". Ele finalmente chega a um mosteiro onde aprende que orar
não é uma ocupação da mente mas uma ocupação
do coração. Lá ele aprende a rezar a "oração
de Jesus" até que ela se torne a música de fundo em tudo
o que ele fizer e onde quer que vá. Uma vez que a oraçao se torna
parte de seu espírito, ele reza inconscientemente por todo o dia e alcança
seu objetivo de "orar sem cessar".
Não
precisamos ter esse objetivo de rezar incessantemente para nos beneficiarmos
de um exercício como a Oração de Jesus. Há um pronunciado
"efeito centralizador" com a oração. Ela nos aquieta
e nos prepara para escutar a Deus. Direciona nossa atenção para
além das necessidades de nossa vida diária neste mundo e nos recorda
do outro, nos conectando com matérias mais profundas, capacitando-nos
a relembrar quem somos e de Quem somos.
A Oração
de Jesus em si mesmo é a fórmula simples, "Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus, tende compaixão de mim, pecador". Geralmente é
associada com nossa respiração, de modo que ao inalarmos dizemos
em voz alta ou silenciosamente, "Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus",
e ao exalarmos, "tende compaixão de mim, pecador".
Não
há nada de mágico sobre essa fórmula particular, e ela
pode ser modificada para satisfazer seu gosto ou estilo pessoal. Pode-se optar
por qualquer fórmula que agrade e ao escolhê-la, ela vai funcionar
do mesmo modo. Contudo, será melhor se for "rítmica",
"ressonante" e "adequada". Algumas pessoas escolhem uma
oração que se ajusta ao rítmo de seu passo enquanto caminham.
Embora isso não seja necesário, algum rítmo é importante
para fazer com que a oração seja "uma" conosco. Ressonância
requer que a oração tenha suavidade e flua por si mesma. E "adequada"
significa que estejamos confortáveis com a fórmula e não
precisemos ficar procurando uma "melhor" a cada instante.
Abba Isaac
disse: "A fórmula para contemplação consiste da constante
repetição: "Senhor, apressai-vos em socorrer-me, O Deus socorrei-me
sem demora" (Salmo 40,13). Outras formas incluem, mas certamente não
se limitam a:
. "Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus, tende compaixão de mim."
. "Senhor Jesus Cristo, tende compaixão de mim."
. "Senhor, tende compaixão, Cristo, tende compaixão,
Senhor, tende compaixão."
. "Senhor, tenha compaixão".
. "Senhor Jesus Cristo, venha o teu reino."
. "Pai, Senhor, vinde em meu auxílio".
. "Oh Senhor Jesus, Santo de Deus, ajude-me a ser santo, eu suplico".
. "Senhor Jesus, pense em mim".
. "Venha, Senhor Jesus".
. "Maranatha, Nosso Senhor, vinde"
. "O Senhor é meu pastor, nada me falta".
. "Meu Senhor e meu Deus".
. "Creio Senhor, mas aumentai minha fé".
. "Lembra-te de mim quando chegares ao teu Reino".
. "Senhor Jesus Cristo, vós sois a luz do mundo. Enchei minha
mente com paz, meu coração com amor".
. "Senhor Jesus Cristo, vós sois a luz do mundo. Enchei nossas
mentes com paz, nossos corações com amor".
. "Jesus,
Maria, amo-Vos, salvai almas!" (veja a origem desta invocação
no site "Almas
Pequeníssimas"
(Tradução de Jandira, de texto encontrado na Internet)
Podemos invocar o Nome de Jesus em diversos contextos. Cada pessoa há de encontrar a forma mais apropriada à sua oração individual. Contudo, qualquer que seja a forma usada, o coração e o centro da invocação devem ser o próprio santo Nome, a palavra Jesus. Aí reside toda a força da invocação.
A invocação do Nome deve trazer Jesus à nossa mente. O Nome é o símbolo e o portador da pessoa de Cristo. De outra forma, a invocação do Nome seria mera idolatria verbal. "A letra mata mas o espírito vivifica" (2Cor3,6).
A presença de Jesus é o conteúdo real e a substância do Santo Nome. O Nome tanto significa a presença de Jesus, como traz sua realidade.
Isto conduz à adoração pura. Ao pronunciar o Nome, deveríamos responder à presença de Nosso Senhor. "Prostrando-se, adoraram-no" (Mt 2,14). Pronunciar refletidamente o Nome de Jesus é conhecer que Nosso Senhor é tudo. "Por isso Deus o exaltou grandemente e lhe deu um Nome que está sobre todo o nome, de modo que ao Nome de Jesus se dobre todo o joelho" (Fl 2,8-10).
Leituras sugeridas:
1."A invocação do Nome de Jesus" , "Relatos de um peregrino russo". - ed. Paulus, col. "Oração dos Pobres";
2. "Vivendo a Oração de Jesus" - por Irma Zaleski - ed. Santuário (tem nas Paulinas, etc.)
"Sobre a Oração Incessante, da Vida de São
Gregório Palamas, Arcebispo de Tessalonica, o milagroso, por São
Nicodemos do Monte Santo, editor da Filocália, sobre a Necessidade da
Oração Constante para todos os Cristãos em geral. Não
permita que alguém pense, meu querido irmão cristão, que
apenas pessoas em ordens religiosas, ou monges são obrigados a rezar
sem cessar a todo o tempo, e não os leigos. Não, não! É
dever de todos nós cristãos permanecer sempre em oração.
Pois veja o que Sua Beatitude, o Patriarca de Constantinopla, Filoteus, escreve
na Vida de São Gregório de Salonica. Aquele santo tinha um amigo
querido, de nome Job, um homem simples mas extremamente virtuoso. Uma vez, conversando
com ele, o prelado disse da oração que todo cristão em
geral deve sempre trabalhar em oração e rezar incessantemente,
como é ordenado pelo Apóstolo Paulo para todos os cristãos
em geral. "Orai sem cessar"(I Tess. 5:17); e o Profeta David diz de
si mesmo, apesar de ser um rei e tendo que cuidar de seu reino: "Tenho
sempre o Senhor diante de mim" (Sl. 15:8), querendo dizer que "em
oração, sempre vejo mentalmente o Senhor diante de mim."
E Gregório o Teólogo ensina a todos os cristãos e diz a
eles que devemos mais frequentemente lembrar o nome de Deus em oração
do que inalar o ar! Dizendo isto e muito mais ao seu amigo Job, o santo prelado
acrescentava que em obediência aos mandamentos dos santos, devemos não
apenas rezar sempre, mas devemos ensinar a todos a fazer o mesmo, todas as pessoas
em geral: monges e leigos, os sábios e os simpes, homens, mulheres e
crianças e induzi-los a rezar incessantemente.
Ouvindo isto, pareceu ao velho Job ser isso uma nova proeza e ele começou
a argumentar, dizendo ao santo que rezar sem cessar era apenas para os ascetas
e monges, vivendo fora do mundo e suas vaidades, mas não para leigos
que têm tantas preocupações e tanto trabalho. O santo argumentava
com novos testemunhos que confirmavam aquela verdade e apresentava irrefutáveis
provas disso, mas o velho Job não se deixou convencer por elas. Então
São Gregório, evitando palavras e argumentos inúteis, silenciou
e em seguida cada um foi para sua cela no mosteiro. Mais tarde, enquanto Job
rezava em seus aposentos, apareceu-lhe um anjo enviado por Deus, dizendo-lhe
que Deus deseja que todos os homens se salvem e conheçam a verdade (Tim.
2:4) e reprendendo-o por haver contradito São Gregório e se oposto
a um fato óbvio do qual depende a salvação dos cristãos,
admoestou-o em nome de Deus a prestar atenção a si mesmo no futuro
e resguardar-se de dizer a quem quer que seja, algo contrário àquele
trabalho de salvamento de almas, por conseguinte, opondo-se à vontade
de Deus, e que mesmo em sua mente ele não deveria abrigar nenhum pensamento
contra esta obra e não deveria sequer permitir-se pensar diferente do
que São Gregório lhe dissera. Em seguida, aquele simples ancião
Job, correu a São Gregório e caindo aos seus pés, pediu-lhe
perdão por contradizê-lo e por ter tido tal amor à disputa
e revelou-lhe tudo que o anjo de Deus lhe dissera.
Veja meu querido irmão, que é dever de todos os cristãos,
pequenos e grandes, sempre praticar a oração mental: "Senhor
Jesus Cristo, tenha piedade de mim!" de modo que suas mentes e corações
adquiram o hábito de sempre pronunciar estas santas palavras. Deixe-se
convencer de como isto dá prazer a Deus e quão grande bem se origina
disto, já que Ele em seu infinito amor pelos homens, enviou um anjo dos
céus para nos dizer isto, de modo que ninguém tenha dúvida
alguma sobre isso.
Mas, o que os leigos dizem? Estamos sobrecarregados de trabalhos e cuidados
mundanos; como é possível para nós rezar incessantemente?
Respondo a eles que Deus não ordenou nada impossível para nós,
mas apenas coisas que podemos fazer. Então, isto pode ser realizado por
qualquer um buscando a salvação de sua alma. Se isso fosse impossível
seria impossível para todo leigo em geral, então não deveríamos
encontrar um número tão grande de pessoas que têm conseguido
no mundo este tipo de oração incessante.
Um dos representantes de uma grande multidão de tais pessoas é
o pai de São Gregório de Salonica, este incrível Constantino,
que, embora estivesse vivendo uma vida na corte, era chamado de o pai e instrutor
do imperador Andronico, e diariamente estava ocupado com negócios do
estado, além de seus deveres como chefe de família, tendo uma
grande fortuna e uma tropa de escravos, bem como esposa e filhos, e apesar disso
estava constantemente com Deus e tão habituado à oração
mental incessante que frequentemente esquecia que o imperador e os cortesãos
estavam falando com ele sobre negócios do império, e repetia as
perguntas duas ou até mais vezes. Isto perturbava os outros cortesãos
que, não sabendo a causa, reprendiam-no por esquecer o assunto tão
rapidamente e preocupando o imperador com suas perguntas repetidas. Mas o imperador,
sabendo a causa disso, defendia-o e dizia: "Constantino tem seus próprios
pensamentos que às vezes o impedem de prestar total atenção
aos nossos negócios."
Houve também um grande número de pessoas semelhantes que, vivendo
no mundo, foram totalmente devotadas à oraçção mental,
como é testificado nos registros históricos deles. Por conseguinte,
meus irmãos cristãos, como São Chrisóstomo eu vos
imploro pelo amor da salvação de suas almas, não negligenciem
o trabalho de tal oração. Imitem aqueles de quem eu lhes falei
e sigam-lhes tanto quanto possível. À princípio, isto pode
ser muito difícil para vocês, mas assegurem-se, diante da Face
do Todo Poderoso Senhor, que o simples nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, constantemente
invocado por vós, vai ajudar-lhes a vencer todas as dificuldades e ao
fim de um tempo vocês estarão acostumados a esse trabalho e irão
saborear quão doce é o nome do Senhor. Em seguida vocês
saberão por experiência que esse trabalho n‹o é impossível
e não é difícil, mas pelo contrário, duplamente
possível e fácil. Daí porque São Paulo, conhecendo
melhor a grande benção que essa oração nos traz,
ordenou-nos rezar incessantemente. Ele não nos teria proposto essa obrigação
se esta fosse extremamente difícil e impossível, sabendo de antemão
que neste caso, não nos sendo possível realizá-la, estaríamos
lhe desobedecendo e transgredindo seu mandamento e deveríamos por conseguinte,
merecer condenação e punição. E esta não
seria a intenção do Apóstolo. Além do mais, levem
em consideração o modo de oração, como é
possível rezar incessantemente, principalmente rezando com a mente, e
isto sempre nos é possível se o quisermos. Pois mesmo quando nos
sentamos para algum trabalho manual, ou ao caminhar, ou ao nos alimentarmos,
bebermos, poderemos sempre rezar com a mente, praticar a oração
mental, agradando assim a Deus, oração verdadeira. Vamos trabalhar
com nosso corpo e rezar com nossa alma. Deixemos nosso homen exterior realizar
seus trabalhos corporais e nosso homem interior estar consagrado ao serviço
de Deus, e nunca afrouxar nesse trabalho espiritual da oração
mental, como o Homem-Deus Jesus também nos ordena, dizendo nos Evangelhos
santos: "Mas voz, quando orardes, entrai em vossos aposentos e quando tiverdes
fechado vossas portas, orai ao vosso Pai em segredo (Mat. 6:19). O quarto de
vossa alma é vosso corpo; nossas portas são nossos cinco sentidos.
A alma entra em seu aposento quando a mente não vagueia para um lado
e para outro entre assuntos mundanos e coisas tais, mas permanece dentro de
nosso coração. Nossos sentidos ficam como que fechados e permanecem
assim enquanto não permitimos que eles se agarrem às coisas sensíveis
externas e desse modo, nossa mente permanece livre de todo apego mundano e através
da oração mental fica unida a nosso Deus e nosso Pai. "E
vosso Pai que vê em segredo vos recompensará publicamente",
acrescenta o Senhor, que vê em segredo, vê a oração
mental, vos recompensará com grandes graças. Pois esta oração
é também verdadeira e perfeita oração que enche
a alma com a divina graça e presentes espirituais, como a mirra, que,
quanto mais fortemente você tampa o frasco, mais perfumado este se torna.
Assim também com a oração. Quanto mais você guardá-la
dentro do seu coração, mais ela se multiplica na Divina graça.
Abençoados são aqueles que praticam esse trabalho dos céus
pois através dele vencem todas as tentações dos malvados
demônios, como David venceu o orgulhoso Golias. Por ele são saciados
os desejos desordenados da carne, como os três jovens se saciaram na fornalha.
Por este trabalho da oração mental, as paixões são
domadas, como Daniel venceu as bestas selvagens. Por ele, o orvalho do Santo
Espírito cai em vossos corações, como Elias fez chover
no Monte Carmelo. Esta oração mental sobe até o trono de
Deus e é guardada em potes de ouro, esparge sua fragrância diante
do Senhor, como São João, Evangelista viu na Revelação:
"Vinte e quatro anciãos se prostraram diante do Cordeiro, tendo
cada um deles uma cítara e taças de ouro cheias de perfume, que
são as orações dos santos" (Rev. 5:8). Esta oração
mental é a luz iluminando a alma do homem e inflamando seu coração
com o fogo do amor de Deus. É um elo unindo Deus ao homen, o homen a
Deus. Oh incomparável graça da oração mental! Ela
coloca o homem na posição de um constante interlocutor com Deus.
Oh, trabalho verdadeiramente maravilhoso! Corporalmente você se relaciona
com homens enquanto mentalmente conversa com Deus. Os anjos não tem voz
audível, mas mentalmente oferecerem constante adoração
a Deus. Nisto consiste toda atividade deles e toda sua vida é consagrada
a isto. Então, você também, irmão, quando entrar
em seus aposentos e fechar sua porta, i.e., quando sua mente não vaguear
para lá e para cá mas entrar dentro do seu coração
e os seus sentidos estiverem confinados e isolados das coisas desse mundo, e
assim você rezar sempre, então você será como os santos
anjos, e seu Pai, vendo sua oração em segredo, vendo o que você
Lhe oferece do recesso de seu coração, vai recompensá-lo
abertamente com grandes presentes espirituais. E o que mais você deseja,
quando, como eu disse, você estiver sempre, mentalmente, diante da face
de Deus e constantemente conversando com Ele - fale com o Senhor, sem o Qual
nenhum homem pode ser abençoado, aqui ou na outra vida.
E finalmente, meu irmão, quem quer que você seja, depois de pegar
esse livro em suas mãos e lê-lo até o fim, se desejar experienciar
efetivamente os benefícios que a alma recebe através da oração
mental, eu rezo para que você gentilmente não se esqueça,
quando começar a rezar essa oração, com um simples gemido,
"Senhor, tenha piedade!", de oferecer a Deus a petição
por uma alma pecadora dele, que trabalhou um pouco na composição
desse livro e aquele que pagou pela impressão e publicação,
pois eles estão em grande necessidade de sua oração, de
maneira que eles obtenham a misericórdia de Deus para suas almas, tanto
quanto pelas suas. Amém, Amém!"
(traduzido por Jandira, de uma página encontrada na Internet - não me perguntem onde, pois não me lembro mais... :-)
Transfiguração
do site www.skete.com
O que nos ensina a "Oração de Jesus", aqui tão engrandecida? A nos mantermos sempre na Presença do Senhor. Pois só ELE nos BASTA, voltando à Santa Teresa de Àvila. Claro que principalmente na correria do mundo moderno, é-nos praticamente impossível rezar sem cessar..... mas podemos ao longo do nosso dia, lembrarmo-nos várias vezes d'Ele e não deixá-lo como visita esquecida em nosso coração. Concientizar-mo-nos da Presença que nos habita e também habita o irmão ao nosso lado..... mesmo que não queiramos admitir que o outro é nosso irmão, amado por Deus tanto quanto a nós.
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