Cristo reina
Somos introduzidos à OC como sendo um método para nos abrirmos a uma relação íntima com Deus. Aprendemos sobre o uso da Palavra Sagrada na prática da mesma oração. Nessa conferência vamos explorar os frutos da transformação da Prática, em nossas vidas.
Sessão IV - FRUTOS DA ORAÇÃO CENTRANTE
- Os frutos da Oração Centrante são experienciados na vida diária, não necessariamente no período em que praticamos a OC.
- Não há uma relação direta de causa e efeito na OC mas existem os frutos. A oração não é praticada em virtude dos frutos mas a fidelidade à prática trará os frutos com toda certeza.
- Nos Evangelhos Jesus diz que nossa capacidade para o amor e serviço como uma manifestação do amor, são os frutos desse relacionamento com Deus.
- A atitude de consentir na Presença e Ação de Deus em nós, é trazida para a vida diária. Há um ritmo na prática, os pensamentos surgem, deixamos que eles passem, não opomos nenhuma resistência aos pensamentos e não nos apegamos a nenhum. Acontece um desapego pacífico e alegre no dia a dia.
- O desapego impacta nossa vida diária na medida em que recebemos a graça de "largar". Aprendemos a viver plenamente o momento presente, nem nos agarrando a nada nem "empurrando" o que está diante de nós.
- Experimenta-se uma nova liberdade de agir a partir do Reino de Deus dentro de si mesmo, ao invés das compulsões ditadas pelos programas emocionais para a felicidade que alimentam o sistema de nosso falso eu.
- Descobrimos que a base de nosso ser, de nossa vida, brota não das necessidades de nosso falso eu, nossas compulsões ditadas pelo medo, mas antes brotam do Reino interior do qual Jesus falou.
- Os primeiros frutos podem se refletir num gosto para o silêncio, a solidão, para uma simplicidade de vida. Geralmente os frutos são notados primeiramente por outras pessoas, ainda antes que possamos percebê-los.
- Os frutos da Oração Centrante podem nos tocar ou a outros, das seguintes maneiras:
- Crescimento pessoal - e.g.: aumento da empatia, capacidade para ouvir, sensibilidade aos outros, menos julgadores, uma abertura à mudança e transformação.
- Relacionamentos - e.g.: Menos reações veementes aos outros, maior aceitação dos outros, mais atenção.
- Serviço aos outros - Chamados aos Ministérios ou Serviço de vários tipos em comunidades espirituais ou seculares.
Eu estava presente há aproximadamente três anos atrás, quando o padre Thomas Keating foi perguntado sobre o que seria melhor, servir aos mais necessitados ou praticar a Oração Centrante em silêncio. Ele respondeu, "é a mesma coisa... sãos dois lados da mesma moeda."
Creio que ele realmente estava dizendo como a nossa jornada interior e exterior, brotam ambas, de nosso relacionamento com Deus, e a prática do relacionamento é verdadeira seja na nossa abertura a Deus no silêncio, seja servindo e amando a Deus em e através de sua Criação ao nosso redor.
Novamente a medida de Jesus, a medida da vida é nossa capacidade de amar. Quando estamos enraizados na Fonte do Amor e os obstáculos a um maior amor e serviço foram transformados dentro de nós, somos capazes de dar com maior sabedoria, maior profundidade e maior desprendimento. E nosso próprio poço não seca, porque ele está sendo continuamente completado com a Água Viva de que Jesus falou.
Alguns dos modos pelos quais nos abrimos à essa Água Viva de Jesus podem incluir os seguintes:
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A Tradição nos ensina que alguns dos frutos da oração e união com Deus, de viver no Reino de Deus, são dolorosos. Sentimos a dor do mundo, de nossos irmãos, de todas as criaturas de modo mais agudo. A dureza do coração se dissolve e ficamos mais sintonizados com a Presença de Deus, e o Cristo sofredor no mundo à nossa volta.
Por conseguinte
experimentamos:
-
Maior sensibilidade às injustiças no mundo.
- Maior desejo de nos arriscarmos pelos outros, e pelo amor do Reino de Deus.
Os frutos da Oração Contemplativa são a realização das Bem-aventuranças. E elas falam de felicidade num sentido contrário aos valores do mundo.
Ao nos desarmarmos, tornando-nos mais vulneráveis ao sofrimento em nós mesmos e nos outros, encontramos a verdadeira felicidade.
Podemos fundamentar nossa prática da OC e estender os Frutos em nossa vida diária com algumas das seguintes sugestões:
-Prática
de pelo menos dois períodos de OC, de vinte minutos cada, diariamente. -
O uso da frase da oração ativa na vida diária. Isto
é bem explicado no livro "Open Mind, Open Heart", do
padre Keating. Aconselha-se a tomar uma frase de cinco a nove palavras
da Escritura e usá-la durante todo o dia para se retornar à
atenção e ao consentimento da Presença de Deus e
manter uma ligação com o silêncio interior, especialmente
em momentos em que as emoções nos afligem. (Oração
de Jesus) Por exemplo, a do peregrino russo: "Senhor Jesus Cristo, Filho de Davi, tende compaixão de mim, pecador", pode ser uma. |
Outras oportunidades para continuar e aprofundar sua prática podem incluir:
- Uma apresentação seguinte a este workshop que geralmente inclui a exibição de dois videotapes apresentados por Thomas Keating. O primeiro é a revisão do Método da Oração Centrante. O segundo é uma explicação do processo psicológico transformacional da OC. Geralmente são conduzidos em seis sessões, com a prática da OC, com uso dos videos e leituras, como base para discussão e perguntas.
Retiros silenciosos mais extensivos da OC com mais tempo para a prática em silêncio, são uma oportunidade maravilhosa para se estender e aprofundar a prática. A organização americana do padre Keating, "Contemplative Outreach", oferece retiros intensivos de 10 dias e pós-intensivo retiros de 7 a 10 dias, principalmente no Mosteiro de Snowmass, Colorado, mas não somente lá. Retiros e "workshops" (oficinas) são também oferecidos sobre a prática da Lectio Divina bem como da prática de "Boas Vindas", contidas no livro "Open Mind, Open Heart" ("Miente Abierta, Corazón Abierto", em espanhol, sem tradução ainda em português).
Torre da Igreja de Snowmass, onde vive padre Keating
Também o Abade D. Basil Pennington, um dos grandes divulgadores da OC, em seu Mosteiro de N. S. do Espírito Santo, ministra retiros de OC.
Em
resumo, citarei um trecho de Thomas Keating do seu livro "Intimidade com
Deus", sobre a integração da prática da vida contemplativa
na vida diária:
"...
a oração não pode subsistir sem que uma ação
brote dela. A vida contemplativa sem ação fica estagnada e a ação
sem a oração contemplativa, leva a um desgaste e um andar em círculos.
A oração contemplativa como que peneira nossa visão contemplativa
e nossas idéias sobre o que deveríamos fazer. Ela nos capacita
a unir as duas e trazer o espírito de nosso compromisso contemplativo
na vida diária.
Nosso centrar em Deus nos acompanha na vida diária, seja em outras formas
de oração, seja em nossos relacionamentos, seja em nosso trabalho...
Todas as nossas ações devem brotar desse Centro. A OC nos ajuda
não apenas no estar enraizados em nossa natureza espiritual mas a expressar
nosso verdadeiro ser. Expressamos uma liberdade interior que manifesta mais
e mais a mente de Cristo em nossa vida particular, através do brotar
e fluir do Espírito e das Beatitudes.
Assim, com nosso jornadear mais e mais profundamente em direção à fonte da OC, que é a vida Trinitária dentro de nós, seus efeitos nos conduzem mais poderosamente para fora, em direção à união a que chamamos de Comunhão dos Santos: a capacidade de nos relacionarmos uns com os outros com o amor incondicional com o qual Cristo se relaciona conosco." (Thomas Keating, Intimidade com Deus - Ed. Paulinas)
Tradução: Jandira Pimentel