"No lugar onde tomo meu café da manhã, mantenho um pequeno livreto: "Vivendo a Fé". É um livro de mensagens para cada dia. A dessa manhã falou-de de modo especial. Veio de um livro com o qual não estou muito familiarizado: "A Simplicidade e a Alegria da Meditação" por Stephen Daisy:
"Não faz o menor sentido tentar aconselhar às pessoas a não meditar, baseado no pressuposto de que elas estariam apenas iludindo-se a si mesmas (ou que o dom da contemplação é predestinado a alguns apenas). O grande benefício e alegria da contemplação, "a paz interior da transcendência", é uma clara e inequívoca experiência que não deve ser negada às pessoas.
Acaso imaginamos Deus como uma divindade distante, que não virá a nós de modo direto, a não ser que primeiro sejamos purificados de todas nossas imperfeições? Tal teologia que enfatiza nossa fraqueza espiritual e nossos pecados não dá o devido crédito à generosidade de Deus, pelo menos como Cristo deseja que a entendamos.
Nossa felicidade última repousa, de acordo com a Igreja, na união beatífica com Deus, mas, de acordo com algumas compreensões tradicionais, não nos foi dado nenhuma habilidade inata para alcançar Deus, para "experimentar" Deus. Então, somos como pássaros destinados a voar, porém sem asas.Mas teria Deus, nosso amoroso Pai do Novo Testamento nos criado para Si mesmo, para em seguida dificultar, ou virtualmente tornar impossível a nós, alcançar os divinos braços a nós estendidos?
A maneira simples de entrar na oração contemplativa é provavelmente um dos segredos melhor guardados na tradição cristã. O "Monologion", ou "oração de uma palavra", hoje frequentemente chamada de "Oração Centrante", tem sido uma parte de nossa tradição, desde que os Padres espirituais dos primeiros séculos escreveram sobre ela em grego. São João Cassiano escreveu sobre ela primeiro em Latim, no anos 400. Alguns dos primeiros tratados na emergente língua Inglesa do século XIV, foram ensinamentos nesse caminho de oração, mais notavelmente "A Nuvem do Não-Saber", um livro lido ainda em nossos dias, disponível em brochuras diversas (Ed. Paulinas tem).
O convite mais terno do Senhor é endereçado a todos nós: "Venha a Mim, todos vocês que trabalham e estão pesadamente sobrecarregados, e eu vos aliviarei." Todos deveriam conhecer a alegria de ser capaz de deixar de lado os cuidados e preocupações do dia, para descansar quietamente por um momento, no caloroso abraço de nosso Deus de amor. Ouso dizer que raramente se vai encontrar uma paróquia católica, onde as pessoas que desejam, não possam aprender a rezar o rosário ou as estações da via-sacra. Mas quantas paróquias tornam disponível para o povo, a oportunidade de aprender essa maneira tradicional e simples de descansar no amor de Deus? Acho que cada paróquia deveria ter uma placa do lado de fora: "Aqui se ensina a meditação cristã". Talvez então muitos de nossos jovens deixassem de abandonar a Igreja ou de procurarem mestres budistas ou hindus para aprender como meditar. No mundo frenético em que vivemos hoje, não podemos ter esperança de manter a saúde e sanidade, sem períodos entremeados de meditação restauradora em nossas vidas. A Oração Centrante pertence totalmente à nossa tradição e precisamos oferecê-la aos nossos jovens - tanto quanto desfrutar dela nós mesmos - se suas vidas devem ser enriquecidas tanto quanto devem ser, pela Fé Cristã. Sem dúvida, um dos mais poderosos programas espirituais desenvolvidos no último século é o "Programa dos Doze Passos" (dos Alcóolicos Anônimos), agora aplicado em tantas áreas de nossas vidas. O décimo-primeiro passo convida a todos que estão vivenciando o Programa a praticarem a meditação. E onde irá um cristão aprender a meditar de acordo com sua própria confissão religiosa? Terão sempre que buscar os budistas ou hindus?
É mais do que hora para não apenas escutarmos o convite mais amoroso do Senhor e entrar nesse abraço repousante e restaurador, mas ainda de encorajar isto, tornando a dimensão contemplativa de nossa tradição disponível em cada paróquia, escola e instituição cristã."
("Abba" Basil Pennington, OCSO)
traduzido por Jandira Pimentel